segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Dos amores não vividos...

Acredito veementemente que se há amores perigosos são os amores não vividos. Não os não correspondidos. Mas os não vividos no sentido de incompletos. Aqueles que, sim, eram correspondidos, mas que tivemos receio de os viver ou, numa atitude muito pouco feminina, diga-se, acabámos cedo demais, quando percebemos que não ia dar certo.
Para que sejam perigosos é preciso, desde logo, que trate mesmo de um caso de amor - excluem-se aqui de modo irrecorrível as meras paixões, as tentações, sejam grandes ou pequenas, e as atrações, também independentemente das suas dimensões ou proporções. É necessário ainda que seja correspondido - poderá haver um ou outro caso em que baste que haja a ilusão de que seja correspondido. No fundo, como todos os amores correspondidos haverá aquela doçura e ternura iniciais, os olhares, os sorrisos e todos aqueles momentos que nos dão a certeza que nunca ninguém vivenciou aquele tipo de experiência antes. Nós somos especiais, porque amamos de uma maneira que mais ninguém amou. 
Agora, vem a parte mais perigosa. O normal numa lady é acreditar, é lutar e utilizar frases como "prefiro arrepender-me do que fiz do que arrepender-me do que não fiz". No entanto, há variadíssimas circunstâncias - muitas delas plenamente justificadas - que fazem com que perante um quadro tão encantador seja necessário ir buscar todas as nossas forças para dizer "Desculpa, mas eu não sinto o mesmo!". E isto apesar de toda a nossa expressão corporal dizer exatamente o contrário e os nossos olhos gritarem "GOSTO DE TI!!!".
Outra possibilidade é correr tudo bem. Ficarem juntos e, após uns breves tempos de felicidade, começarem a ser infelizes para sempre. Também aqui o comportamento mais habitual será lutar pela relação. Mas nem todas somos iguais e, mesmo na própria vida de cada uma, há momentos e momentos. Pode acontecer que demasiado precocemente se faça as malas e nunca mais se queira ouvir falar naquela pessoa.
Estes são apenas dois exemplos, mas resumem o essencial. Agora, qual o perigo que aqui reside afinal?!! O que vai ficar cristalizado na nossa memória vai ser o amor. Sempre que nos recordarmos, o que com o passar do tempo e com a chegada de novas pessoas vai ser cada vez mais recorrente, vamo-nos lembrar de pequenos detalhes que mais ninguém tem, das coisas que achávamos - e, no fundo, ainda achamos - enternecedoreas e que tornavam tudo tão especial. E esse amor vai-se tornar um amor incomparável. Porque os outros amores que se seguirem vão-se desgastar em relações, em rotinas... O quotidiano vai lentamente vencendo a magia. 
Cuidado, ladies!!! Se estivermos estafadas num sábado à tarde no sofá, depois de trabalhar uma semana inteira e o nosso 1.º cavaleiro vier dizer coisas como: "Ainda não te cansaste de estar no sofá? Passas a semana toda sentada e chegas ao fim de semana e vais para o sofá? Podias entreter-te a cozinhar ou assim?", não pensem no vosso amor não vivido ou, se pensarem, pensem coisas do género "Sim, ele cozinhava e deixava-me estar no sofá, mas ele estava no sofá a semana inteira porque se recusava a ir procurar emprego". 

Kisses to all my ladies (and gentlemen)

Just a Lady

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